Secretário de Saúde ataca SIFAR para encobrir privatização e desmonte da saúde pública
Em entrevista ao jornal local, via redes sociais, o atual secretário de saúde tenta desqualificar a luta do sindicato dos servidores de Araucária (SIFAR). Tenta desvirtuar o sentido de nossa luta, por sermos contrários ao desmonte da saúde pública do município. Diz que não nos embasamos tecnicamente, que nosso interesse é político, e até insinua outros interesses.
Se nos pautarmos em dados técnicos, veremos que nossa luta é baseada contra o desmonte da saúde pública, que tem gerado a falta de funcionários em todas as nossas unidades de saúde. Que gera o grande aumento da demanda por atendimento de emergência, no antigo PAI e na UPA. Há pouco tempo, contávamos com pronto atendimento no NIS 24 horas, na UPA, no PAI, no Hospital Municipal de Araucária e uma promessa de construção de nova UPA na região da US Industrial, uma das mais populosas da cidade.
Graças às seguidas administrações desastrosas, perdemos NIS e PAI. Nem se fala mais da UPA da região do Industrial. O HMA, além de maternidade, oferece apenas cirurgias de pequeno porte. A maior parte de seu atendimento foi transferido para o Hospital do Rocio, em Campo Largo. Estranha-nos que todas as necessárias parcerias com hospitais de nossa região metropolitana sejam direcionadas unicamente a este hospital, que deve estar muito grato pela gentileza araucariense. Por conta desta preferência, a marcação de algumas consultas com especialistas, oftalmologista, por exemplo, estão com filas de espera gigantescas.
Perdemos também o atendimento 24 horas do Laboratório Municipal. Não há reposição de servidores da saúde falecidos e aposentados, causando filas, demora e perda de qualidade no atendimento.
E a gestão pretende terceirizar o atendimento da UPA, serviço fundado com recursos financeiros dos governos federal e municipal, suficientes para contratar profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, técnicos em radiologia, dentistas, técnicos e auxiliares de saúde bucal, farmacêuticos) concursados e preparados para realizar atendimentos de urgência e emergência à população araucariense.
Uma das cidades mais ricas do Paraná serve agora aos interesses de quem lucra com o dinheiro público, em vez de priorizar a atenção em saúde de acordo com os princípios do SUS. Se bem geridos, os recursos públicos seriam suficientes para financiar serviços públicos, sem a necessidade de intermediários. O resultado final do sistema de saúde deve ser a melhora das condições de saúde e de vida da população, e não o lucro de empresas privadas e de seus investidores.
Nós, funcionários, não somos contrários à realocação do Pronto Atendimento Infantil para as dependências do HMA. Somos contrários ao desperdício, de capacidade técnica dos servidores públicos que trabalhavam no PAI, qualificados e experientes, que serão substituídos por profissionais terceirizados, sem estrita avaliação de competência técnica para o difícil trabalho em urgência e emergência e contratadas pela mesma empresa que a própria secretaria de saúde considera como incapaz de gerir o atendimento no HMA (esta empresa está sob intervenção municipal), e de recursos públicos, que deixam de ir para financiar o SUS e passam a ir para o bolso dos donos das empresas de saúde.
*Texto de um servidor da saúde que preferiu não ser identificado