Por trás da cortina do asfalto, servidores do Obras enfrentam péssimas condições de trabalho
Coluna do SIFAR publicada na edição desta quinta-feira (13) no Jornal O Popular
Asfalto novo na região central da cidade foi feito sem equipamentos de proteção obrigatórios e sem o devido pagamento dos servidores
Araucária parece um canteiro de obras e o asfalto trocado na região central é uma bela propaganda para o prefeito Hissam e sua gestão, mas esconde problemas sérios.
Deixar serviços públicos desassistidos, mas asfaltar partes da cidade é uma tática antiga das administrações municipais para dar a entender para a população que algo está sendo feito. Não à toa, a Prefeitura escolhe ruas e regiões específicas da cidade para essas obras, são aquelas mais privilegiadas, com maior visibilidade e, em geral, as que menos carecem de melhorias. Você já se perguntou se obras desse tipo estão acontecendo nos bairros periféricos da cidade? E, além disso, você já pensou em quem faz o asfalto?
São servidores municipais que atuam sob as mais diversas e precárias condições de trabalho. Um exemplo é a nova pavimentação da região central. Ela foi feita por novos servidores que sequer receberam uniforme ou Equipamento de Proteção Individual (EPI) da Prefeitura.
Além de usarem roupas e sapatos improvisados e inadequados para enfrentar as altas temperaturas e as substâncias tóxicas geradas pela atividade, os servidores não estão recebendo nenhum adicional, nem o de periculosidade nem o de insalubridade, e não têm nem o intervalo do almoço respeitado. Os trabalhadores estão tendo que se alimentar em poucos minutos e alguns se alimentam na rua.
E, ao passo que os trabalhadores aprovados no último concurso são convocados, as instalações que já são ruins ficam ainda piores. Refeitórios e banheiros são insuficientes para a quantidade de trabalhadores, mas a Prefeitura diz não ter verba para a ampliação da estrutura.
Trabalhadores da Secretaria de Obras estão em constante risco
E você sabe quanto recebe um servidor do Obras em início de carreira? Pouco mais de mil reais. Ou seja, além das péssimas condições de trabalho, eles são submetidos a baixos salários e ainda não recebem os adicionais a que têm direito.
Segurança e saúde do trabalhador são pautas constantes travadas em conjunto pelos servidores municipais e pelo SIFAR. É responsabilidade da Prefeitura garantir botas, capacetes, luvas e todo o EPI necessário. A Lei 1.703/2006 garante o pagamento dos adicionais de insalubridade e periculosidade para os trabalhadores que lidam cotidianamente com substâncias e situações que geram adoecimento e acidentes. O Sindicato já cobrou a administração municipal e vai tomar as medidas cabíveis para impedir mais esse descaso do governo.