Caos predomina quatro meses após 1ª morte de coronavírus no Brasil
O início do surto no Brasil ocorreu quase dois meses depois de a situação fugir do controle na China, epicentro da pandemia. Lá, o governo trabalhou dia e noite para construir hospitais de emergência e segurou a população em casa nas regiões de maior calamidade. O resultado veio rápido e, no início de março, apenas 1 dos 20 novos casos no mundo era entre chineses.
Mas o relativo sucesso da China não foi o que serviu de exemplo para o desgoverno Bolsonaro, que na primeira declaração em cadeia nacional sobre o novo coronavírus se referiu à doença como “gripezinha” e se aproveitou de um momento de calamidade para atacar trabalhadores.
Ao invés de usar o tempo que restava até a chegada da Covid-19 no Brasil – algo inevitável – para reunir especialistas, dar ouvido a pesquisas e traçar estratégias válidas, o presidente preferiu ignorar. Atendeu ao apelo de empresários, disse que a economia não podia parar e que “era natural as pessoas morrerem”.
Nesse meio tempo, dois ministros da Saúde deixaram o cargo, que oficialmente segue desocupado. A consequência de tanto descaso foi uma curva acelerada de contaminações e mortes; cidades tendo que abrir valas para enterrar seus mortos; containers abrigando corpos ao lado de fora de hospitais e, claro, o colapso do Sistema Único de Saúde.
Sem uma política socioeconômica justa, o desemprego cresceu, afetou a classe trabalhadora e, pela primeira vez na história, o número de desempregados superou o de pessoas ocupadas no país. Como não bastasse, um ataque aos direitos trabalhistas disfarçado de Medida Provisória para ajuda emergencial às empresas permitiu a suspensão de contratos de trabalho e a redução de salário e jornada.
Para lembrar como tem sido o enfrentamento da pandemia no Brasil, preparamos uma linha do tempo para relembrar a trajetória de lutas nesses quatro meses.
A indignação não é pouca diante de um desgoverno que usa uma tragédia para enfraquecer os trabalhadores. Por isso, mesmo em meio a tanta tristeza, essa é a hora de fortalecimento! É só com luta e coletividade que vamos conseguir superar tanta negligência.