De olho no pacotaço: SIFAR responde visão da administração que está sendo veiculada na mídia

A edição do jornal O Popular de quinta-feira (5) aborda a visão da administração e dos vereadores sobre as minutas de Projetos de Lei (PL) que atacam a carreira e a previdência dos servidores.

A visão dos servidores sobre os projetos, que afetam diretamente suas carreiras, não foi abordada, o SIFAR não foi chamado em nenhum momento para falar sobre o tema. Mesmo assim, os projetos já estão sendo defendidos por parlamentares e por uma parte da imprensa da cidade. Por isso, o sindicato respondeu cada um dos tópicos citados no jornal para mostrar como estes projetos afetam diretamente a qualidade dos serviços públicos e a vida dos servidores. Veja mais abaixo:

Transparência: difícil de acreditar que seja isso que a administração quer!

Ben Hur, vereador condenado por esquema de rachadinha e atual presidente da Câmara de Vereadores de Araucária, começa falando sobre fazer uma gestão COMPLETAMENTE TRANSPARENTE. Entretanto, a Câmara dos Vereadores se negou a ouvir como os projetos afetam a vida dos servidores e da população, ou seja, transparência na tramitação não parece ser realmente o foco dos parlamentares.

Além disso, Araucária já é uma cidade SAUDÁVEL ADMINISTRATIVAMENTE, o município recebe mais de R$ 1 bilhão de arrecadação anualmente e ainda está muito abaixo do limite prudencial (44,46%) estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para gastos com pessoal que é de 51,30%. Os dados são do DIEESE de 2021. Isso significa que qualquer mudança no plano de carreira é uma decisão meramente política e não econômica. É responsabilidade do Estado garantir saúde, educação, cultura e assistência social para a população, portanto, o serviço público é essencial e não deve ser precarizado.

Sem um plano de carreira descente, o caminho do serviço público é a terceirização, o que significa menor número de trabalhadores, terceirizados mal pagos, alta rotatividade de profissionais, tudo isso gera piora no atendimento e vai contra o BEM COMUM citado na matéria. Você gostaria de ser atendido por um médico diferente cada vez que vai ao postinho? Ou gostaria que as professoras da escola dos seus filhos não terminassem o ano letivo com eles? Que os psicólogos dos CAPS fossem trocados constantemente? Ou ainda, que toda vez que você fosse ao CRAS tivesse que explicar a situação da sua família para outro assistente social?

Quem atende a população de Araucária precisa ser valorizado para continuar trabalhando com qualidade, sem adoecer no local de trabalho e podendo viver de forma digna. A proposta da Fundação Instituto de Administração (FIA) ataca uma carreira que foi conquistada com a luta pelos servidores da cidade e que garante condições de vida para os que estão no serviço público.

Primeiro semestre: o ataque vem aí, os servidores precisam ficar de olho!

No texto fica clara a intenção da Prefeitura de levar os projetos que atacam a carreira e a previdência adiante ainda no primeiro semestre, por isso é preciso que os servidores fiquem atentos! O jornal O Popular aproveita para dizer que a Fundação Instituto Administração (FIA) é respeitada em todo o país, mas omite que por onde a FIA passa deixa o rastro de retirada de direitos. Em SP, a FIA encabeçou a Reforma da Previdência que hoje impede milhares de servidores de se aposentarem e ainda taxou os aposentados que recebem acima de um salário mínimo (R$ 1.300) em 14%.

A fundação é privada é ganha muito dinheiro para realizar estudos sobre reformas que os governos já querem implantar. Ou seja, as Prefeituras usam os estudos da instituição para bater o martelo em algo que já estava nos planos: aplicação da Reforma da Previdência e Administrativa. Só em Araucária foram R$ 11 milhões em um contrato sem licitação, e a FIA tem feito isso por todo o Brasil.

E além de tudo isso, o jornal ainda fala sobre os gastos com os servidores serem UM PROBLEMA QUE PRECISA SER RESOLVIDO, entretanto, não explica em nenhum momento onde está o problema em investir no serviço público e no atendimento à população. Não fala também sobre a arrecadação bilionária do município e muito menos da importância dos servidores e do serviço público principalmente para a população mais pobre do município.

Necessária: será mesmo? para aos servidores e a população com certeza não é!

Novamente O Popular trata o fim da carreira e da aposentadoria dos servidores como algo necessário e fala de novo em PENSAR NO QUE É MELHOR PARA A CIDADE E SUA POPULAÇÃO, mas a pergunta que não quer calar é: a administração realmente está pensando no bem da população?

A matéria omite como essas medidas de retirada de direitos afetam diretamente a população da cidade que vai perder muito com a precarização do serviço público. Faltam médicos, enfermeiros, técnicos na saúde, a fila de espera para as consultas é de quase um mês e o raio-x fez aniversário de um ano sem funcionar em 2022. Faltam professoras na educação e vagas nos CMEIs, as mulheres trabalhadoras são negligenciadas. A assistência social sempre enfrenta dificuldades no cadastro único e com o aumento do número de famílias em situação de vulnerabilidade é difícil atender a todos.

A lista de problemas que a administração precisa resolver com investimentos no serviço público – seja na contratação ou na valorização de servidores, ou em melhorias estruturais e de serviços –, é imensa. Entretanto, isso não aparece em nenhum momento na reportagem e ainda é cobrado dos servidores que estes pensem na população como se não fosse isso que fizessem todos os dias. É preciso sempre lembrar que são estes trabalhadores que estão há anos cuidando, ensinando, e salvando a população de Araucária, portanto, pensando no bem de quem atendem.

Os servidores tem razão de estarem RECEOSOS, como comenta o jornal, afinal de contas, é a carreira e a aposentadoria destes trabalhadores que estão em risco. E mais, quem está na linha de frente do atendimento à população, como cada servidor e servidora da cidade, sabe exatamente como a precarização caminha para terceirização e privatização, e ainda sabe quem sofre com tudo isso: a população mais pobre, os trabalhadores precarizados, as mulheres e a população preta.

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