Volta às aulas sem vacina não é segura
A pressão pelo retorno das aulas presenciais está a cada dia maior – uma postura que, infelizmente, pode custar muitas vidas. No dia 15 de janeiro, Hissam publicou um decreto autorizando o retorno das aulas em um modelo híbrido, que mescla atividades presenciais e remotas. Mas, parece que a gestão municipal e outros governos que defendem atividades presenciais em escolas e CMEIs não conhecem a realidade da educação. Prometendo medidas de prevenção que estão fora da realidade, eles colocam a vida de toda a comunidade escolar em risco.
Na educação infantil, por exemplo, não há como manter o distanciamento já que muitos espaços dos CMEIs são compartilhados, como o refeitório e até mesmo os colchões para descanso das crianças, que são de uso comum.
Educadoras e educadores infantis hoje vivem angustiados, cientes do risco que o retorno presencial representa para as crianças, para os trabalhadores da educação e para todos os familiares. Uma prova dos riscos envolvidos no retorno às aulas está no termo de compromisso que os responsáveis devem assinar ao levar os seus filhos para escola, o que não passa de uma tentativa da gestão de se esquivar da responsabilidade e jogá-la para cima dos familiares.
Frequentar aulas presenciais com a pandemia fora do controle é um risco que nenhuma criança e nenhum trabalhador da educação deveriam correr. No Brasil, o laboratório da volta às aulas presenciais foi em Manaus, com a retomada em agosto de 2020. Poucos meses depois das medidas de flexibilização, a capital do Amazonas vive um colapso total do seu sistema de saúde, até mesmo com falta de oxigênio para pacientes na UTI. O descumprimento do isolamento social, ao mesmo tempo em que surgia uma nova variação do vírus foram os ingredientes perfeitos para levar o estado ao caos. O que garante que a retomada das aulas presenciais por aqui não vai ser a mesma tragédia anunciada vivida em Manaus?
O que as trabalhadoras e os trabalhadores da educação mais desejam é poder rever seus alunos, ver escolas e CMEIs cheios e poder contribuir com o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Mas, sem precisar colocar vidas em risco! Por isso, defendemos o retorno às aulas presenciais somente com vacina! Somente quando os trabalhadores da educação forem imunizados é possível planejar o retorno das atividades em segurança.
A vacinação já começou, ainda que em ritmo lento, e está cada dia mais perto de nós. Por que colocar mais vidas em risco agora? É hora de unirmos forças para lutar pelo retorno das aulas só com segurança, ou seja, só com vacina!