Dia da Consciência Negra: lembrar a história de resistência e lutar contra o racismo nos locais de trabalho

Foi quase 100 anos depois da morte de Zumbi dos Palmares que, na década de 1970, o Dia da Consciência Negra foi marcado pela primeira vez no calendário como um momento de homenagem da resistência e luta do povo negro. Zumbi foi o último líder do Quilombo dos Palmares, um espaço coletivo que resistiu por mais de 100 anos ao regime colonial-escravista e organizou uma forma de vida digna para milhares de negros e negras que ousaram lutar por suas vidas e sua liberdade.  

A complexidade por trás do Quilombo dos Palmares mostra como a resistência organizada era gigante. Palmares foi formado por diversas comunidades, outros quilombos, que se uniam em um só, contra o sistema colonial-escravista da época. O Quilombo dos Palmares acolhia ex-escravizados negros, indígenas e até mesmo brancos pobres. Era organizado como uma confederação e tinha autonomia política nas suas ações, ampliando a resistência por onde passava e conseguia intervir.  

Há 40 anos, o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, foi instituído como uma homenagem à luta de Palmares, uma lembrança constante da resistência do povo preto. Com toda a história de luta contra a escravidão, tão presente no Brasil, a demora para que a data fosse celebrada é só um dos muitos exemplos da lentidão histórica que o país enfrenta quando falamos do combate ao racismo. 

A resistência que Palmares ofereceu, hoje é celebrada para que haja o firmamento de uma consciência coletiva em todos nós sobre a importância da luta pela libertação do povo negro, e como é necessário tomar ações concretas para o combate ao racismo que existe ainda hoje. 

Racismo institucional precisa ser combatido 

O chamado racismo estrutural permeia a vida dos trabalhadores negros em todas as esferas da vida. Com condições de trabalho mais precárias, como mostra o levantamento realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a média salarial dos negros e negras está muito abaixo (mais de R$ 1 mil) se comparada com brancos, por exemplo. 

Além disso, os dados do MTE mostram como o racismo pode ser usado nos locais de trabalho como prática de assédio moral, por exemplo. Em Araucária, isso tem sido visto na prática, em que denúncias de servidores negros e negras, que sofreram racismo de colegas, usuários ou da chefia, são colocadas embaixo do tapete pela gestão.  

Sem o debate de práticas antirracistas ser feito de forma séria nas unidades, muitas vezes os próprios colegas se colocam ao lado do agressor ou agressora, e tornam o ambiente de trabalho insustentável para a vítima, que deveria encontrar acolhimento. 

Por isso, neste Dia 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, é preciso pensar em práticas antirracistas no ambiente de trabalho. Os servidores que sofrem racismo de superiores, ou de outros colegas, precisam de coletividade no ambiente de trabalho e não serem julgados e silenciados.  

O SIFAR, ciente de vários casos, organizou um formulário para fazer um levantamento da composição racial dos servidores públicos da cidade, as situações de racismo nos locais de trabalho, para que seja possível organizar a luta antirracista de forma mais ativa e combativa. Participe, preencha o formulário aqui: https://forms.gle/vg4MpYwXSvcmbSyH8. 

A data de hoje é momento de reflexão sobre a luta árdua e diária que é combater o racismo estrutural no país. E é imprescindível que não seja apenas no dia 20 de novembro que os trabalhadores e trabalhadoras, assim como as instituições, organizem ações concretas de combate ao racismo, é preciso ser antirracista.

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