Aumento do salário dos médicos é vitória da luta, mas traz ressalvas
Na semana passada, o Diário Não Oficial de Araucária, também conhecido como O Popular, divulgou o plano da Prefeitura de dobrar os salários dos médicos do município de 8 para 16 mil reais. A notícia gerou reações exaltadas nas redes sociais, de servidores e moradores da cidade que enxergam as contradições dessa ação e do momento em que acontece.
O aumento é sim uma vitória, conquistada pela luta de todas as categorias da saúde pela valorização salarial e pela valorização do setor público, que possibilitaria mais contratações e retenção dos profissionais necessários para a população, principalmente os médicos, que atualmente são em número insuficiente.
Entretanto, o aumento não é um presente dado pela generosidade descomunal de Hissam, e vem, no melhor estilo neoliberal, carregado de contradições e embustes.
Primeiramente, essa já é uma reivindicação do SIFAR há anos, e mesmo após muitas denúncias e falas no COMUSAR, somente agora a prefeitura resolveu atuar sobre o problema.
Lembrando que tudo isso só foi possível graças à última greve dos servidores, que seguraram os projetos iniciais da Prefeitura, projetos estes que não miram em uma valorização dos servidores, nem dos médicos, nem do município.
E pior do que isso, a Prefeitura está dando sinais de que irá atrelar este aumento para os médicos ao pacotaço, com medidas gravíssimas para todas as categorias e o sistema de aposentadoria.
Não vamos cair na armadilha de Hissam. Reivindicamos que o aumento para os médicos seja feito sem vínculo ao pacotaço, reivindicamos também que as demais categorias também sejam valorizadas, em especial a enfermagem que não está nem com o piso em dia!
Reiteramos nossa contrariedade ao pacotaço e às ameaças que este traz para Araucária.
E o piso da enfermagem?
O servidor e a população de Araucária já estão carecas de saber da vontade da gestão em cortar gastos, “otimizar” o orçamento e “enxugar penduricalhos”. Mas pelo jeito esse é um discurso que serve apenas para algumas categorias.
Enquanto isso, as outras categorias da saúde, que são tão necessárias quanto os médicos para a população, ainda nem receberam o piso da enfermagem. E isso sem nem mencionar os outros setores como educação e assistência social, que possuem os salários mais baixos e as maiores cargas de trabalho e estão sem aumento real desde a pandemia.
Embuste do pacotaço
A estratégia da gestão Hissam fica clara: Utilizar o aumento de salário como máscara, enfeite, para que o pacotaço e as medidas que deterioram a carreira e a aposentadoria dos servidores municipais passem desapercebidas, além claro, de colocar os trabalhadores um contra o outro.
Um verdadeiro cavalo de Tróia, se preferir. Uma grandiosa medida enfeitada, feita para esconder o ataque que carrega consigo. Mas se Hissam acha que isso vai desmobilizar os servidores, ou afrouxar a resistência ao pacotaço, jamais esteve tão enganado.
Os trabalhadores seguem firmes e ainda mais perplexos com a descarada tentativa de desvalorizar o setor público.