42 categorias têm salário inicial menor do que dois salários mínimos
Logo no início do ano, foi anunciado pelo governo federal o reajuste do salário-mínimo de 7,5%, totalizando R$ 1.518. O valor é muito abaixo do necessário para se viver no Brasil. Inclusive, o cálculo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) mostra que o salário-mínimo de um trabalhador brasileiro deveria ser de R$ R$ 6.959,31.
Essa falta de valorização também afeta o serviço público. Em Araucária, por exemplo, não existe aumento real há anos, além da recomposição inflacionária estar defasada em 7,23%. Um levantamento feito pelo SIFAR mostra que grande parte dos servidores públicos de Araucária inicia carreira – e permanece por pelo menos três anos – com um valor igual ou menor do que dois salários mínimos.
Das 113 categorias que compõe o serviço público de Araucária, 42 estão nessa situação. Além disso, outras 39 ganham igual ou abaixo de três salários-mínimos. Isso significa que 72% de todas as categorias em Araucária ganham abaixo de três salários-mínimos, o que é insuficiente para se manter com qualidade.
E quem são estes servidores que iniciam as carreiras com baixos salários? Dados levantados pelo portal republica.org mostram que as mulheres representam 56% do serviço público brasileiro, sendo destas 36% negras. Em Araucária, o número de mulheres é ainda maior, de acordo com o DIEESE são 73% do quadro. Portanto, podemos dizer que o serviço público é composto em sua maioria por mulheres, em boa parte mães solo, com salários baixos.
Estes dados dão a certeza de que, em sua grande maioria, os salários em Araucária são insuficientes, especialmente para os que mais precisam. Por isso, é necessário pensar em valorização salarial para os servidores que já estão na ativa e atualização dos salários para os novos concursos.
Hoje, a dívida da Prefeitura com o funcionalismo é de 10,45%, mais a inflação dos últimos 12 meses. Para além disso é preciso cobrar aumento real nos salários. Essa valorização, especialmente das categorias que recebem menos como os educadores sociais, motoristas e braçais, técnicos e auxiliares de enfermagem, técnicos administrativos, entre outras, é essencial para que os trabalhadores continuem na cidade.
Valorizar o trabalhador é investir no serviço público
Quando falamos que defender a valorização dos trabalhadores é defender o serviço público e melhorar o atendimento à população, é justamente pensando que para ter qualidade no exercício da profissão é preciso que o trabalhador tenha motivação para continuar no trabalho e isso implica em valorização salarial e incentivo para aperfeiçoamento na carreira.
Falar isso parece óbvio, mas infelizmente não é. Isso porque, entra governo e sai governo, a população da cidade nunca é realmente a preocupação real de quem está à frente do Estado. Nepotismo, troca de favores, permanência na gestão por interesse próprio, desconhecimento sobre o serviço público, entre outros problemas, são notados – e repetidos – em Araucária.
E é por isso, que independente de patrões e governos, a defesa do SIFAR é sempre a luta como a única forma de garantia dos direitos dos trabalhadores. E na data-base de 2025, isso não será diferente. Comece a organizar o seu local de trabalho para a assembleia que deve acontecer na segunda quinzena de março.
Invenção x realidade: os servidores são realmente marajás?
Ao longo dos últimos anos foi construída uma lenda de que o funcionalismo é composto por marajás, pessoas com grande poder aquisitivo e que trabalham pouco. Mas isso é realmente verdade? A construção desse discurso se deu para que os governos pudessem realizar privatizações e terceirizações sem que a sociedade se opusesse, acabando aos poucos com o serviço público.
Os dados mostrados na matéria são a prova de que isso não é verdade e que o serviço público é composto, em sua maioria, pelos salários mais baixos. No Brasil, 64,7% de todo o funcionalismo ganha abaixo de três salários-mínimos.
O que acontece na prática é que os servidores passam no concurso com baixos salários esperando valorização do seu trabalho com os Planos de Carreira, o que não acontece. A política neoliberal dá sempre um “jeitinho” de não pagar o que deve aos trabalhadores, de manter os planos de carreira congelados, de não valorizar determinadas categorias, de realizar desvio de função, assédio moral, entre outras ferramentas.
É essa política que privatiza e terceiriza levando em consideração o lucro de poucos empresários. É essa política também que distribui cargos para parentes e amigos que não tem sequer formação para gerir a máquina pública. Portanto, é uma política que tem como objetivo colocar nas mãos de empresas, o que antes era público.
E é justamente contra isso e por uma vida digna para toda classe trabalhadora que devemos lutar, nos colocando contra a política neoliberal que fortalece empresários e familiares de poderosos, e defender abertamente uma política forte de saúde, educação, assistência e cultura.